Mãe estimulando sua filha com atraso de desenvolvimento por meio de uma brincadeira com peças de madeira. As duas sorriem durante a atividade, criando um momento de aprendizado, conexão e alegria.

Atraso de Desenvolvimento: Como Lidar e Quando Buscar Ajuda

A primeira infância é um período marcado por muitas descobertas e aprendizados. Logo, durante os primeiros anos de vida, os pequenos desenvolvem habilidades fundamentais para seu crescimento físico, cognitivo, emocional e social.

Ainda que cada criança tenha seu próprio ritmo durante essa fase, existem marcos de desenvolvimento que funcionam como guias, os quais ajudam pais e profissionais da saúde a acompanharem o progresso e identificarem eventuais atrasos.

Além disso, quando essas etapas não são alcançadas dentro da janela de tempo esperada, é importante investigar o motivo. Pois, mesmo que um atraso possa não significar algo grave, ele é sempre um sinal de alerta que merece atenção.

Por isso, neste post, nós vamos explorar o que é o atraso de desenvolvimento, quais são os marcos de desenvolvimento e quando eles passam a ser considerados um problema, as causas dos atrasos, quando procurar ajuda e quando tratar.

O que é o atraso de desenvolvimento infantil?

O atraso de desenvolvimento ocorre quando a criança não alcança certas habilidades esperadas para sua faixa etária, como sentar, andar, falar ou interagir. Esses marcos servem como referências que indicam o progresso em diversas áreas do desenvolvimento infantil, funcionando como um termômetro para avaliar se o crescimento está dentro ou não do esperado.

Cuidadora especializada sentada no chão, interagindo com três bebês com atraso no desenvolvimento relacionado à interação. Os bebês a observam atentamente enquanto ela utiliza estratégias de estímulo para promover conexão, engajamento e desenvolvimento social.

Nesse contexto, é fundamental deixar claro a diferença entre atraso e transtorno, pois essa distinção ajuda na definição do tratamento e no direcionamento dos cuidados necessários. Sendo assim, o atraso representa um ritmo mais lento de desenvolvimento, mas ainda com possibilidade de recuperação. Enquanto o transtorno envolve alterações estruturais permanentes. 

Contudo, é importante ressaltar que nem todo atraso indica, necessariamente, a presença de um transtorno. Mas, qualquer sinal deve ser levado a sério, pois pode estar relacionado a fatores genéticos, neurológicos, ambientais ou até mesmo à falta de estímulos adequados. Por isso, identificar e intervir precocemente é essencial para ampliar as chances de um desenvolvimento saudável e eficaz.

O que os marcos de desenvolvimento representam e por que são tão importantes?

Os marcos do desenvolvimento funcionam como uma espécie de guia que mostra o que é esperado para determinada idade, abrangendo habilidades motoras, de linguagem, cognitivas e socioemocionais.

Logo, conhecê-los ajuda os pais a observarem possíveis dificuldades e buscarem orientação profissional no momento certo. A seguir, veja alguns exemplos de marcos de desenvolvimento:

Os marcos ajudam os pais e profissionais da saúde a perceberem se o desenvolvimento está ou não dentro do esperado. As idades desses marcos não são precisamente definidas e pode haver algumas variações de criança para criança, dentro de alguns limites

Renata Di Francesco, otorrinolaringologista e Presidente do SPSP
  • Até 5 meses: sustentação da cabeça, sorriso social, agarrar objetos, emitir vogais e reagir a sons;
  • Aos 6 a 7 meses: sentar sem apoio, balbuciar sons e entender seu próprio nome;
  • Aos 8 a 10 meses: ficar de pé, demonstrar emoções como medo e raiva, falas silábicas e levantar os braços para ser pego.
  • Aos 11 a 12 meses: dizer palavras simples, procurar objetos escondidos e brincar com brinquedos.
  • Aos 2 a 3 anos: formar frases, manter diálogo simples com adultos e andar sem apoio.

Embora as idades possam variar um pouco entre as crianças, essa é uma faixa etária considerada como padrão para o alcance dos marcos de desenvolvimento. Servindo como referência para avaliar se o progresso está ocorrendo de forma adequada.

No entanto, quando a criança não atinge essas habilidades dentro do período esperado, é importante que os pais fiquem atentos e busquem uma avaliação profissional, para esclarecer se o atraso é momentâneo ou exige intervenções específicas.

Possíveis causas desse atraso

Agora que sabemos quais são os comportamentos esperados nas fases de desenvolvimento, é importante entender quais fatores podem contribuir para um atraso.

Pai conversando com uma médica enquanto preenche uma ficha com as informações de seu filho, buscando compreender as causas do atraso em seu desenvolvimento.

Em muitos casos, há uma combinação de causas, que podem estar relacionadas à genética, ao ambiente ou a complicações de saúde. A seguir, iremos explicar as mais comuns:

  • Fatores genéticos: Algumas condições hereditárias podem impactar o desenvolvimento infantil desde o nascimento. Síndromes como a de Down, de Williams e outras alterações cromossômicas estão entre as causas mais comuns. Essas condições costumam afetar tanto o desenvolvimento motor quanto o cognitivo e exigem acompanhamento especializado desde cedo.
  • Condições neurológicas: Transtornos como a paralisia cerebral, o transtorno do espectro autista (TEA) e o transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) também estão frequentemente associados ao atraso no desenvolvimento. Pois, essas condições envolvem o sistema nervoso central e podem afetar diversas áreas do funcionamento infantil, incluindo fala, cognição, socialização e locomoção.
  • Complicações no parto: Eventos como a falta de oxigenação no cérebro (hipóxia), prematuridade e baixo peso ao nascer podem impactar diretamente o sistema neurológico do neném. Aumentam o risco de atrasos motores, dificuldades de aprendizagem e problemas sensoriais.
  • Infecções congênitas: Doenças adquiridas ainda na gestação, como toxoplasmose, rubéola e citomegalovírus, podem comprometer a visão, a audição e o funcionamento cerebral do neném, resultando em atrasos significativos que exigem diagnóstico e intervenção precoce.
  • Falta de estímulo: Um ambiente pobre em estímulos pode prejudicar o desenvolvimento cognitivo, emocional e motor da criança. A ausência de interações sociais, de brincadeiras, de afeto e de oportunidades para explorar o mundo interfere diretamente na aquisição de novas habilidades.
  • Déficits sensoriais: Dificuldades de audição ou visão, quando não identificadas e tratadas rapidamente, afetam diretamente a percepção e a comunicação da criança. Uma perda auditiva, por exemplo, pode atrasar significativamente o desenvolvimento da linguagem, enquanto problemas visuais interferem na coordenação motora e na interação com o ambiente.

Conhecer essas possíveis causas permite que os pais e profissionais envolvidos adotem uma postura mais atenta e proativa.

Qual o papel dos pais na identificação dos sinais de alerta?

Como já vimos, cada fase do desenvolvimento infantil traz consigo habilidades esperadas para determinada faixa etária. E, a ausência dessas habilidades dentro do tempo considerado adequado pode indicar um atraso no desenvolvimento em diferentes áreas, como nas habilidades motoras, socioemocionais e linguísticas.

Nesse contexto, o papel dos pais é fundamental. São eles que convivem com a criança diariamente e estão em posição privilegiada para perceber mudanças sutis no comportamento, na comunicação e na coordenação motora. Pequenos detalhes, como a falta de contato visual ou a ausência de reações a estímulos, podem passar despercebidos em avaliações pontuais, mas são notados no cotidiano familiar.

Mãe auxiliando seu filho com atraso no desenvolvimento cognitivo em uma atividade educativa, acompanhando atentamente cada passo para observar sua evolução e oferecer o apoio necessário com carinho e paciência.

Por isso, é essencial que os responsáveis estejam atentos e observem de forma ativa o progresso do pequeno. Registrando avanços, fazendo anotações e mantendo uma rotina de estímulos que pode facilitar a identificação de dificuldades e também fornecer informações valiosas para os profissionais de saúde.

Além disso, quando os pais participam ativamente desse processo e mantêm um diálogo aberto com pediatras e especialistas, aumentam significativamente as chances de uma intervenção precoce e eficaz, evitando que o atraso evolua para uma questão mais complexa.

Quando procurar ajuda profissional?

Embora exista uma margem de variação entre o desenvolvimento dos nenéns, os pais devem estar atentos a atrasos consistentes. São eles os primeiros a conviver com a criança diariamente e, por isso, conseguem notar comportamentos que fogem do esperado para determinada idade.

Se o pequeno não sustenta a cabeça, não balbucia, não sorri, não caminha ou apresenta dificuldades persistentes em se comunicar ou interagir, é hora de buscar orientação.

Numa primeira consulta, o médico já deve levantar as principais hipóteses diagnósticas, encaminhar essa criança para a avaliação de outros profissionais (como fonoaudiólogo, psicólogo e fisioterapeuta) e solicitar os exames complementares necessários.

Dra. Ellen Manfrim, neuropediatra e diretora da Clínica Integrar

O primeiro passo é agendar uma consulta com o pediatra, que fará uma análise inicial do quadro da criança. Caso necessário, esse profissional poderá encaminhar o neném para especialistas como: neuropediatra, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, psicólogo infantil, psiquiatra infantil, otorrinolaringologista ou oftalmologista pediátrico.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico é construído com base em uma avaliação clínica completa. Os médicos observam o bebê livremente durante a consulta, conversam com os adultos e aplicam testes apropriados.

Médica de costas realizando uma avaliação clínica em um bebê. Ela segura um estetoscópio à frente do bebê, que sorri em resposta, criando um ambiente acolhedor e tranquilo durante o exame.

Em alguns casos, exames complementares como audiometria, ressonância magnética ou eletroencefalograma são solicitados, mas nem sempre são necessários. Ademais, o mais importante é garantir que a criança seja acompanhada de forma contínua e integrada.

O tratamento do atraso no desenvolvimento

O tratamento depende da causa e do tipo de atraso. Pode envolver diferentes especialidades e durar semanas, meses ou anos. Por isso, quanto mais cedo o início das terapias, melhores os resultados. Entre as principais abordagens estão:

  • Fonoaudiologia: estimula a linguagem oral e escrita, a comunicação e a deglutição.
  • Terapia ocupacional: promove independência e melhora o desempenho motor.
  • Fisioterapia: indicada para atrasos motores, fortalecimento muscular e equilíbrio.
  • Psicoterapia: indicada para desenvolvimento emocional e cognitivo.

Cada neném é único, por isso o plano de tratamento deve ser personalizado. A evolução também varia conforme o quadro clínico e o grau de comprometimento.

Como estimular o desenvolvimento infantil em casa?

O ambiente familiar tem um papel essencial no progresso da criança e pode contribuir diretamente para estimular diferentes áreas do desenvolvimento. Pois, mesmo pequenas atitudes do dia a dia fazem diferença e ajudam os pequenos a explorarem e adquirirem novas habilidades de forma natural e prazerosa.

Por exemplo, conversar com o bebê desde os primeiros meses, mesmo que ele ainda não fale, é uma forma poderosa de desenvolver a linguagem e fortalecer o vínculo emocional. Estimular brincadeiras com blocos, livros, massinha e objetos do cotidiano também favorece a coordenação motora, a criatividade e o raciocínio.

Crianças necessitam de um ambiente rico em estímulos para desenvolverem suas habilidades cognitivas, motoras, de linguagem e socioemocionais

Anderson Nistche, neurologista pediátrico do Hospital Pequeno Príncipe

Além disso, promover interações sociais com outras crianças; criar uma rotina equilibrada entre atividades, descanso e alimentação; nomear sentimentos e expressões e evitar o uso excessivo de telas são atitudes importantes.

Por fim, priorizar o contato humano e oferecer um ambiente seguro, afetivo e rico em estímulos é essencial para que a criança cresça confiante, curiosa e bem desenvolvida.

Pai brincando com seus filhos gêmeos utilizando blocos de montar, com o objetivo de estimular a coordenação motora. Ele participa ativamente da atividade, promovendo vínculo afetivo de forma lúdica e educativa.

Em conclusão, a principal recomendação é: não espere. Atrasos no desenvolvimento não significam, necessariamente, a presença de um transtorno, mas ignorá-los pode comprometer a saúde, a aprendizagem e a autonomia da criança no futuro. O diagnóstico precoce permite intervenções mais eficazes e melhora a qualidade de vida da criança e da família.

Logo, se você perceber que seu filho não está acompanhando os marcos do desenvolvimento, converse com o pediatra. Se sentir que sua preocupação não está sendo levada a sério, busque uma segunda opinião. Pois, o conhecimento e o acolhimento são os melhores caminhos para apoiar o crescimento saudável das crianças.

A jornada pode ser longa, mas com o suporte adequado, é possível superar desafios e celebrar conquistas, por menores que sejam. O mais importante é agir com informação, empatia e responsabilidade.

Conforto e Amor para o Desenvolvimento do Seu Bebê

O aconchego de uma roupa confortável é o primeiro passo para fortalecer os laços afetivos com seu bebê. Na Laleblu, cada peça é feita para transmitir segurança, acolhimento e muito carinho em cada fase do crescimento.

Sendo assim, vestir seu neném com amor é também apoiar seu desenvolvimento, seja físico ou emocional, como um todo, criando um ambiente de confiança e felicidade. Escolha quem entende o poder dos pequenos gestos e transforme cada momento em um abraço de ternura.

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