Bronquite em bebê: descubra os sintomas e os cuidados

A bronquite em bebê ocorre com relativa frequência e costuma preocupar os pais, principalmente porque oferece riscos quando não tratada adequadamente. Ela é mais frequente em crianças pequenas, já que o sistema imunológico ainda está em desenvolvimento.

No entanto, quando identificada e tratada corretamente, essa condição não representa grandes riscos. Por isso, é essencial reconhecer os sintomas e buscar orientação médica. Neste texto, vamos explicar o que é a doença, seus principais sinais e os cuidados necessários para lidar com ela.

O que é a bronquite em bebê?

De acordo com a pneumologista, Dra. Raísa Elena Tavares Pinheiro, a bronquite nas crianças abaixo de 2 anos de idade vai acontecer em decorrência de um espasmo dos brônquios, denominado broncoespasmo.

Normalmente nesses pacientes menores, tem relação com uma vigência de infecções virais. Nos pacientes acima de dois anos, normalmente a gente vai conseguir diagnosticar bronquite sendo o mesmo ou equivalente a asma.

Pneumologista, Dra. Raísa Elena Tavares Pinheiro

Ou seja, a bronquite é caracterizada pela inflamação dos brônquios, estruturas que têm a função de conduzir o ar até os pulmões e de volta para fora. Na maioria dos casos em bebês até 2 anos, a doença surge em decorrência de infecções virais ou bacterianas. Porém, acima desta idade tem chances de estar associada à asma.

• Vírus: os vírus são responsáveis por gripes e resfriados, conhecidos como Influenza. Como existem diversos tipos desses vírus, apenas um médico pode identificar qual deles provocou a infecção;
• Alergias: as alergias podem ser desencadeadas por vários fatores, como poeira, certos produtos usados pela criança ou até tecidos específicos. Nesses casos, é necessário realizar um teste de alergia para descobrir exatamente qual substância está causando o problema;
• Asma: a asma é uma doença respiratória crônica que afeta cerca de 15% das crianças e adolescentes. Por comprometer o sistema respiratório, a asma torna o bebê mais suscetível a desenvolver bronquite.

Tipo	Causa	Sintomas
Bronquite aguda	Forma mais comum da doença e, na maioria dos casos, está ligada a infecções virais, como resfriados e gripes. Apesar de provocar incômodo, essa inflamação geralmente dura até três semanas e tende a se resolver sozinha, sem causar complicações permanentes.	– Tosse com catarro claro ou amarelado; – Chiado no peito; – Febre baixa; – Cansaço; – Dor de garganta.
Bronquite crônica	Episódios repetidos que ocorrem por pelo menos três meses a cada ano, durante dois anos consecutivos. É uma doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), geralmente causada pela exposição prolongada a poluentes do ambiente. Não se resolve sozinha e tende a se agravar ao longo do tempo, especialmente se o paciente permanecer em contato com os fatores que a provocam.	– Tosse com catarro frequente; – Sensação de peito cheio; – Dificuldade para respirar; – Cansaço intenso.
Bronquite asmática	Conhecida também como bronquite alérgica, afeta pessoas que têm predisposição genética à asma. Nesse caso, a inflamação dos brônquios é provocada pelo contato com alérgenos, como poeira, pelos de animais, pólen ou mofo.	– Tosse seca persistente; – Falta de ar; – Chiado no peito; – Sensação de aperto no tórax; – Sintomas noturnos mais intensos.

Fonte: Dra Regina Stela Roland Ortega – Otorrinolaringologista

Identificar qual foi a causa que desencadeou a bronquite é essencial para realizar o tratamento adequado. Por isso, é imprescindível buscar orientação médica.

Bronquite x bronquiolite: qual a diferença?

Uma dúvida bastante comum entre os pais, principalmente ao buscarem uma segunda opinião médica, é se o bebê tem bronquite ou bronquiolite. A semelhança entre os sintomas pode levar a diagnósticos cruzados ou equivocados.

A diferença está em onde a inflamação está acontecendo. Numa, a bronquite, a inflamação predominante está nos brônquios (…) Na bronquiolite, o que está inflamado e acometido são os bronquíolos, que estão localizados no final do pulmão.

Pediatra, Dr. Daniel Portela

Sendo assim, na bronquite, a inflamação ocorre nos canais maiores, que conduzem o ar mais próximo do nariz. Já na bronquiolite, a inflamação afeta os canais menores, localizados mais distantes do nariz, nas regiões finais dos pulmões.

No início de ambos os quadros, os sintomas costumam ser parecidos, incluindo sinais gripais, tosse com ou sem secreção, coriza e mal-estar. Contudo, a partir do terceiro dia, na bronquiolite, a criança pode apresentar o sibilo, um chiado no peito perceptível durante o exame médico. Por isso, para um diagnóstico correto, é imprescindível a avaliação de um médico.

Doença	Causa	Sintomas
Bronquite	Inflamação ocorre nos canais maiores, que conduzem o ar mais próximo do nariz.	Sinais gripais, tosse com ou sem secreção, coriza e mal-estar.
Bronquiolite	inflamação nos canais menores, localizados mais distantes do nariz, nas regiões finais dos pulmões.	Mesmo sintomas de bronquite, mas no terceiro dia a criança pode apresentar o sibilo, um chiado no peito perceptível.

Por fim, de acordo com o Hospital Pequeno Príncipe, outra diferença entre a duas é que a bronquiolite é viral e acontece geralmente em bebê com menos de 2 anos. Já a bronquite pode acontecer em qualquer idade e possui diferentes tipos.

12 sintomas de bronquite em bebê

Estar atento aos sintomas de bronquite infantil é o primeiro passo para buscar orientação médica. Nesse sentido, desconfie caso o bebê apresente um ou mais desses sinais:

1. Tosse seca;
2. Tosse com catarro (transparente, amarelado ou verde);
3. Falta de ar;
4. Nariz entupido ou escorrendo;
5. Chiado no peito ao respirar;
6. Dor de garganta;
7. Febre em baixa intensidade;
8. Cansaço excessivo;
9. Vômito;
10. Irritabilidade;
11. Sensação de mal estar em todo o corpo;
12. Em alguns casos, calafrios.

De acordo com a médica pneumologista, Dra. Angela Honda, os sintomas como tosse, chiado no peito e falta de ar, aparecem na maioria dos pacientes. No entanto, alguns sinais específicos ajudam a identificar a doença nessa faixa etária: tosse que surge após rir ou chorar, tosse persistente mesmo sem resfriado ou gripe, respiração rápida e ofegante e retração da fúrcula (afundamento visível no final do pescoço, entre as clavículas, a cada respiração).

Quando procurar o médico?

Buscar orientação médica é indicado quando o bebê apresenta os seguintes sintomas, de acordo com o pneumologista pediátrico, Henrique Binato:

• Dificuldade respiratória importante, com respiração muito rápida, batimento das asas do nariz ou retrações intercostais.
• Cianose (coloração azulada da pele).
• Febre alta persistente.
• Prostração ou sonolência excessiva.
• Piora dos sintomas após alguns dias.
• Sintomas que não melhoram com o tratamento inicial.

Pneumologista pediátrico, Dr. Henrique Binato

É importante não deixar os sintomas se agravarem ou persistirem por muitos dias antes de buscar o tratamento adequado.

Como é feito o diagnóstico de bronquite?

Segundo o pneumologista pediátrico, Rafael Galvão, diagnóstico de bronquite infantil deve ser feito por um pneumologista pediátrico. O exame mais comum para identificar asma e bronquite é a espirometria, também conhecida como teste de função pulmonar. Ele avalia a respiração medindo a quantidade de ar que os pulmões movimentam e a velocidade da expiração.

O médico explica que o diagnóstico se inicia com uma avaliação física detalhada, utilizando o estetoscópio para ouvir atentamente a respiração do bebê ainda na primeira consulta. Somente após, são solicitados os exames de complemento para o quadro.

Em algumas situações, pode ser necessário solicitar um raio-x do tórax para verificar se há pneumonia ou outra condição que explique a tosse e os demais sintomas. Além disso, o exame de escarro pode ser indicado para analisar o muco do bebê.

Como tratar a bronquite em bebês?

Se o bebê apresentar sinais de bronquite, leve-o ao pediatra para receber um diagnóstico seguro e iniciar o tratamento adequado. O acompanhamento médico garante que qualquer intervenção seja segura e eficaz para a criança.

Na maioria dos casos, vírus causam a bronquite, por isso antibióticos normalmente não se indicam. Isso porque, de acordo com o Hospital Sabará, não existe evidencia cientifica de que antibióticos possam curar infecções virais. O pediatra pode recomendar apenas medicamentos para reduzir a febre, como paracetamol ou ibuprofeno, remédios para tosse seca, ou sprays e nebulizações quando houver chiado no peito.

Além da busca por auxilio médico, atenção a hábitos e ao ambiente em que ela vive podem colaborar para melhorar o quadro de bronquite em bebês. A seguir, apresentamos algumas medidas práticas que ajudam a proteger a saúde respiratória da criança em casa.

Mantenha a criança bem hidratada

A ingestão adequada de água ajuda a regular a temperatura do corpo e eliminar toxinas, auxiliando os rins na filtragem do organismo. Além disso, a hidratação dilui o catarro, tornando sua eliminação mais fácil e natural.

Use o nebulizador quando indicado

O nebulizador facilita a eliminação do muco, permite a administração de medicamentos e ajuda a umidificar as vias respiratórias, proporcionando alívio dos sintomas e bem-estar.

Mantenha o ambiente úmido de forma adequada

No inverno, o ar seco pode aumentar o risco de crises de bronquite, asma e alergias. Aparelhos umidificadores ajudam a regular a umidade, tornando o ar mais confortável e saudável.

Mas cuidado: se a bronquite for causada por alergia a ácaros, o uso do umidificador pode ser prejudicial, pois eles se proliferam em ambientes úmidos. Também é essencial controlar a umidade para evitar o crescimento de germes.

Conserve a casa limpa e arejada

Limpezas regulares evitam o acúmulo de ácaros, que podem causar problemas respiratórios. Abrir janelas renova o ar e permite a entrada de luz solar, prevenindo mofo. O mofo libera esporos que podem provocar crises de bronquite, rinite e asma.

Coloque roupas hipoalergênicas

Alguns tecidos podem acabar irritando o bebê nesse momento. Assim como o uso de produtos com cheiro. Por isso, o indicado é vesti-lo com roupas hipoalergênicas e utilizar sabão de coco na hora da lavagem.

Evite odores fortes

Cheiros intensos irritam o sistema respiratório. Por isso, evite que ele tenha contato com fumaça de cigarro, perfumes, sprays, aromatizantes e produtos de limpeza com aromas marcantes, que podem desencadear crises respiratórias.

Estimule o repouso em ambiente adequado

Por fim, garanta que a criança descanse bastante, preferencialmente em um local limpo. Manter a cabeça levemente elevada durante o descanso ajuda a facilitar a respiração e proporciona mais conforto. Nesse sentido, vesti-lo com roupas confortáveis também auxilia na facilitação do relaxamento.

Redobre o cuidado no inverno

Mantenha o bebê sempre agasalhado com roupas adequadas, incluindo meias, luvas e touca, evitando que fique exposto a vento frio ou mudanças bruscas de temperatura. Prefira ambientes internos aquecidos, mas com ar levemente umidificado, pois o ar seco do inverno pode irritar os brônquios.

Também evite passeios ao ar livre em dias muito frios ou úmidos e proteja o bebê de contato com pessoas resfriadas.

É possível evitar a bronquite?

A bronquite não é uma doença contagiosa, mas os vírus e bactérias que costumam causá-la podem ser contagiosos. Dessa forma, adotar algumas medidas simples, como lavar as mãos regularmente com água e sabão, manter uma alimentação equilibrada, dormir bem e evitar contato próximo com pessoas doentes, ajudam a reduzir o risco de infecção.

A partir dos 6 meses, o bebê já pode tomar a vacina contra a gripe, o que também colabora na prevenção. Além disso, manter a criança longe da fumaça de cigarro, que irrita os brônquios, é essencial para proteger a saúde respiratória, em qualquer idade.

Além disso, o aleitamento materno também é um forte aliado para a prevenção, pois contribui para a proteção imunológica do bebê.

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