Primeiros dias do bebê: quais cuidados mais importantes a se tomar?

Os primeiros dias do bebê na família são motivo para muitos sorrisos, mas sempre acabam acompanhados de certa ansiedade com relação aos cuidados necessários e à adaptação da criança ao entorno, e vice-versa.

O neonato, que dormia quentinho e protegido dentro da barriga da mãe, agora passa a receber uma série de estímulos sonoros, visuais, táteis e a ter contato com substâncias com as quais não estava acostumado.

Pra que essa chegada não seja traumática para ninguém, é importante antecipar algumas condutas que vão dos cuidados de higiene mais básicos à dinâmica familiar. No post de hoje, falamos sobre atenções especiais com a pele, cicatriz umbilical, posicionamento no berço, entre outros. Boa leitura!

Entendendo a pele no período neonatal

Quando a criança nasce, seu sistema imunológico não está completamente apto a reconhecer a e a responder contra todas as moléculas estranhas do ambiente. Assim, a pele desempenha a importante função de barreira contra ação mecânica, química, agentes infecciosos e químicos, além de comunicar o meio externo e interno por meio de receptores que ficam ali em sua superfície.

Em crianças prematuras, a permeabilidade cutânea pode estar aumentada, o que eleva as chances de absorção de substâncias tóxicas e de ingresso de microrganismos. Por isso, as visitas devem ser breves nessa fase e, antes de tocarem o bebê, peça sempre para lavarem as mãos.

O vérnix caseoso

Sabe aquele muco esbranquiçado que recobre a criança no nascimento? Trata-se do vérnix caseoso, uma espécie de capa protetora que impermeabiliza a pele enquanto ela está sendo maturada, além de lubrificá-la, facilitando a passagem do bebê pelo canal de parto.

O vérnix caseoso desaparece naturalmente alguns dias após o nascimento, mas não é raro assistirmos à sua retirada na própria maternidade ou pela família. Acontece que esse biofilme, composto de água, lipídeos e proteínas, tem ação bactericida e é um elemento imunológico extremamente importante nos primeiros dias de vida do bebê.

O seu desprendimento coincide com a maturação da pele e, até lá, ele ajudará na transição entre um meio hidratado e de alta pressão – intrauterino – para o meio externo, seco e de baixa pressão. Por isso, o vernix caseoso não deve ser removido nas primeiras horas de vida, a menos que haja algum risco de transmissão de doenças da mãe para o bebê.

O banho do recém-nascido

O banho costuma ser um momento de ternura entre a mãe e o bebê, sendo importante para o fortalecimento da relação de confiança e afeto, mas está longe de ser uma atividade banal. Isso porque a higiene é muito importante para prevenir infecções, mas, se feita de forma equivocada, pode aumentar o risco de dermatites de contato ou de hipotermia, por exemplo.

A Sociedade Brasileira de Pediatria orienta que o primeiro banho não deve ser dado antes da sexta hora de vida e o ambiente deve ser aquecido, tranquilo e seguro. O melhor método é o da imersão, que consiste em imergir o recém-nascido em água morna (35º – 36º), excluindo a cabeça e o pescoço. É preconizado, ainda, realizar a limpeza com delicadeza e sem friccionar a pele com panos e toalhas.

Outro detalhe importante é escolher produtos isentos de substâncias cáusticas e irritantes, de preferência, que tenham pH ácido similar ao cutâneo e que não sejam alergênicos. A duração total de contato entre o sabonete e a pele não deve ultrapassar 10 minutos, devendo o bebê ser enxaguado e seco ao final. Por fim, o banho pode (e deve) ser diário, mas, caso não seja, deve-se realizar a higiene das pregas, cordão e área em contato com a fralda.

Ainda quanto à higiene, lembre-se que o interior da boca do recém-nascido não precisa ser lavado e nem os ouvidos devem ser friccionados com cotonetes. Quanto aos olhos, passe apenas um algodão com água durante o banho, combinado?

A posição correta de dormir

É culturalmente difundido que os bebês não devem dormir de barriga pra cima, e sim de ladinho, para evitar engasgos com o próprio vômito ou com o “queijinho”. É justamente esse mito que as Sociedades Médicas de Pediatria Americana e Brasileira vêm tentando desconstruir: colocar o recém-nascido para dormir de barriga pra cima previne até 70% dos casos de morte súbita nessa faixa etária.

A Síndrome da Morte Súbita do Lactente caracteriza-se pela morte inesperada de crianças menores de um ano — sobretudo as menores de 6 meses — e que não é explicada pela história clínica ou necrópsia, mas que pode estar associada à dificuldade da criança de despertar do sono diante de um evento adverso.

Para prevenir essa doença, que é multifatorial, não se deve colocar o bebê para dormir de lado ou de bruços, já que, nessas posições, as vias aéreas podem ficar comprimidas, além de aumentar a quantidade de gás carbônico inalado.

Evite, ainda, colocar objetos, como cobertores, no berço e certifique-se de que já que passaram pelo menos 30 minutos desde a última mamada e que o bebê está vestido adequadamente para a temperatura do quarto.

A cura do umbiguinho

O pedaço de cordão umbilical que fica na criança costuma cair por volta do 15º dia de vida. Até lá, é importante fazer a higiene diária com álcool 70% para evitar contaminação bacteriana e nunca utilizar nitrato de prata ou terra, que é uma importante fonte de contaminação por tétano. Após a queda do coto umbilical, continue higienizando a criança com água e sabão no banho, removendo secreções e crostas.

A rotina familiar

A rotina é importante para que os primeiros dias do bebê não sejam extremamente desgastantes para a mãe e estressantes para a própria criança. Por isso, procure conversar com os irmãos mais velhos e com seu companheiro, estabelecendo limites, distribuindo tarefas e se permitindo descansar.

Nesse comecinho, a amamentação acontece por livre demanda, mas, mais tarde, é desejável estabelecer horários para as refeições, banho e exposição ao sol. A regularidade nas atividades ajuda a regular o funcionamento do organismo do bebê e, assim, fica até mais fácil saber o motivo dos choros.

O acompanhamento médico no primeiro ano de vida

Ir ao pediatra mensalmente previne a maior parte das complicações do período neonatal, porque nessas consultas serão avaliados o desenvolvimento neuropsicomotor do seu filho, o aparelho genital, o abdome, a calcificação do crânio, se o cartão de vacinas está em dia ou não, a normalidade da urina e das fezes, se o bebê apresenta pele e mucosas amareladas — icterícia — fisiológica ou patológica, entre outros aspectos.

A cada mês que voltar ao pediatra para a puericultura, peça por novas orientações sobre o banho de sol, necessidade de suplementação com ferro e vitamina D, frequência das mamadas e introdução de água e novos alimentos. Exceto para ir ao médico, o bebê não deve ficar passeando por aí, afinal, o sistema imunológico dele ainda está sendo maturado.

Você tem mais alguma dúvida ou temor a respeito dos primeiros dias do bebê em casa? Comente aqui e conte para a gente da sua experiência, estamos curiosos para saber!

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