O bebê e o corpo: quando e como surge a percepção corporal
A chegada de um bebê à família é um marco de alegria e descobertas diárias. Não é apenas o pequeno que explora um mundo novo, todos que convivem com ele reaprendem a viver e se adaptar a cada novo desenvolvimento. Uma dessas descobertas importantes é a percepção corporal.
Quando o neném nasce, ele ainda não consegue distinguir claramente o que faz parte do seu corpo, o que é o outro ou qual é o espaço ao seu redor. A consciência corporal se desenvolve gradualmente, principalmente por meio da interação com outras pessoas, especialmente a mãe. Compreender quando e como essa noção surge é fundamental para promover um desenvolvimento saudável e estimular o pequeno de forma adequada.
Neste texto, vamos explicar o que é a percepção corporal, quando ela começa a se desenvolver, como ocorre e ainda oferecer dicas práticas para incentivar essa habilidade nos bebês.
O que é a percepção corporal?
Imagine que, quando um bebê nasce, ele sequer se dá conta de que é um indivíduo, separado do corpo da mãe. Inicialmente, sente-se parte do corpo materno e a percepção corporal surge justamente nesse processo de entendimento: a criança começa a reconhecer que é um ser único, com partes diferentes e funções distintas.
A consciência corporal é a capacidade da criança de discriminar e reconhecer as partes do próprio corpo, e esse aprendizado ocorre de forma gradual.
A consciência corporal é a capacidade da criança de discriminar e reconhecer as partes do próprio corpo, e esse aprendizado ocorre de forma gradual. E isso é um processo que vai acontecendo conforme a criança se desenvolve e interage com o ambiente.
Fisioterapeuta Infantil, Carolina Reinecke
Com o passar do tempo, a criança aprende a reconhecer seu corpo, como cada parte funciona e até a força necessária para realizar movimentos específicos. Esses aprendizados se refletem nas interações diárias com o ambiente, desde tocar objetos até movimentar-se de forma coordenada.
O desenvolvimento da percepção corporal permite que o bebê organize seus movimentos para atingir objetivos, como empilhar blocos ou alcançar um brinquedo. Essa consciência de si mesmo é a base para a autonomia, segurança e confiança ao explorar o mundo ao seu redor.
Qual a importância da consciência corporal?
A terapeuta ocupacional, Maria Cristina de Oliveira, explica que a consciência corporal é fundamental para o desenvolvimento integral da criança, pois serve como base para a integração sensorial. É por meio dela que o bebê começa a entender seu próprio corpo, as sensações que percebe e como interagir com o ambiente ao seu redor.
Essa percepção inicial não apenas influencia os movimentos e a coordenação motora, mas também estabelece a base para a ligação afetiva com a mãe e com outras pessoas, fortalecendo vínculos e promovendo segurança emocional.
Isso vai se relacionar posteriormente com as habilidades da criança, como realizar cálculos matemáticos, escrever, se vestir, brincar e manipular objetos.
Terapeuta ocupacional, Maria Cristina de Oliveira
Sendo assim, compreender o próprio corpo, sua posição e os limites de cada movimento permite que a criança explore o mundo de forma eficiente e confiante, tornando-se capaz de interagir, brincar e aprender com autonomia.
Quando o bebê começa a desenvolver?
A Terapeuta ocupacional, Maria Cristina de Oliveira conta que a consciência corporal começa a se desenvolver ainda na vida intrauterina. Sendo que por volta do sétimo mês de gestação, o bebê já leva a mão à boca e consegue chupar o próprio polegar, experiências que fornecem importantes informações sensoriais.
Os seres humanos possuem uma estrutura neurológica específica para perceber essas sensações, que, ao longo do tempo, ajudam a construir mapas internos do corpo.
Terapeuta ocupacional, Maria Cristina de Oliveira
Contudo, em geral, é somente a partir dos cinco ou seis meses de vida, o bebê começa a reconhecer algumas partes do seu corpo e a entender como elas funcionam, de acordo com a Fisioterapeuta Infantil, Carolina Reinecke. Esse processo se dá de maneira gradual e envolve diferentes habilidades.
O desenvolvimento da percepção corporal acontece em três áreas principais:
- Conhecimento corporal: a criança localiza partes do próprio corpo e do corpo de outros, reconhecendo, por exemplo, a própria barriga e a da mãe;
- Compreensão funcional: a criança entende o que cada parte do corpo pode fazer, como usar as pernas para chutar ou os braços para segurar objetos;
- Organização para a ação: a criança aprende a coordenar movimentos para realizar tarefas de forma eficiente, como ajustar a velocidade da mão ao empilhar blocos.
Qual o papel da mãe na constituição da imagem corporal?
O papel da mãe na construção da percepção corporal do bebê é fundamental, pois é a partir de seu olhar que a criança começa a reconhecer a própria imagem. Esse contato visual funciona como um espelho, no qual o bebê se vê refletido e, assim, inicia o processo de formação da noção de si mesmo.

O toque materno, repleto de afeto, contribui para que o bebê organize seu corpo, dando consistência ao eixo postural e favorecendo a construção do imaginário corporal. Cada gesto de carinho fornece informações que fortalecem a percepção dos limites corporais e estimulam respostas motoras mais firmes.
A voz da mãe também exerce influência decisiva nesse processo. Seu tom, ritmo e melodia transmitem segurança e intimidade, despertando no bebê o interesse pela interação e pela comunicação. Essa experiência sonora reforça a ligação afetiva e amplia as possibilidades de desenvolvimento corporal.
Por meio desse conjunto de estímulos, a mãe atua como mediadora na constituição da imagem corporal da criança. Dessa relação íntima e contínua surge a base para que o bebê construa sua identidade, reconheça seus limites e adquira autonomia para interagir com o mundo.
Como estimular a percepção corporal na criança?
Mesmo que seja um sentido que irá se desenvolver de forma gradativa, conforme a criança vai crescendo, a percepção corporal também pode e deve ser estimulada desde os primeiros meses de vida por meio de experiências simples e cheias de afeto.
Para isso, a família não precisa de muitos instrumentos ou tempo, basta transformar momentos do dia a dia em oportunidades para que a criança conheça melhor o próprio corpo, reconheça movimentos e aprenda a se relacionar com o ambiente. A seguir, vamos apresentar algumas opções:
Troca de fraldas e banho
Depois de um tempo, a troca de fraldas e o banho são feitos quase de forma instintiva pelos pais, quase sem pensar ou interagir com o bebê. Mas é possível apresentar as partes do corpo a ele nestes pequenos momentos.

Ao segurar a perninha ou lavar o bracinho, nomeie cada região em voz alta: “agora vamos lavar a barriguinha”, “vamos passar shampoo no cabelinho”. Essa interação fortalece o vínculo afetivo e ajuda a criança a identificar cada parte de si mesma de forma natural e prazerosa.
Livros e histórias ilustradas
Os livros infantis que abordam o corpo humano são recursos valiosos no estímulo da percepção corporal. Por meio de ilustrações coloridas, personagens divertidos e linguagem acessível, eles ajudam a criança a identificar diferentes partes do corpo, compreender suas funções e perceber as particularidades que tornam cada pessoa única.
Esse tipo de leitura compartilhada fortalece o vínculo entre adulto e criança, ao mesmo tempo em que desperta curiosidade e favorece a construção do vocabulário. Quando pais ou cuidadores apontam figuras, nomeiam partes do corpo e incentivam a criança a imitá-las, o aprendizado se torna mais dinâmico, prazeroso e significativo.
Músicas e brincadeiras rítmicas
As canções infantis também podem ser um grande reforço da consciência corporal, pois unem movimento, ritmo e linguagem de forma natural e prazerosa para os pequenos. Músicas como “Cabeça, ombro, joelho e pé” ou a dos dedinhos incentivam a criança a tocar, identificar e nomear partes do corpo.
Além de serem divertidas, essas canções estimulam a coordenação, a memória e a socialização, já que muitas vezes são cantadas em grupo. A experiência pode ficar ainda mais envolvente quando acompanhada de recursos como fantoches ou dedoches, que tornam a atividade mais lúdica, despertam a imaginação e ampliam a participação ativa da criança.
Jogos e atividades motoras
Por fim, brincadeiras que envolvem movimento são fundamentais para estimular a percepção corporal e o desenvolvimento motor da criança. Atividades simples, como empilhar blocos, passar argolas pelo braço da mãe ou colocar meias nos próprios pés, ajudam a fortalecer a coordenação, o equilíbrio e a noção espacial.
Nessas experiências, a criança aprende a regular seus gestos, percebendo quando precisa acelerar ou desacelerar os movimentos para atingir um objetivo, o que contribui para a aquisição de maior controle corporal. Além disso, essas brincadeiras promovem a autonomia, a criatividade e a capacidade de resolução de problemas, já que cada tentativa exige adaptações e novas estratégias.
Quando é necessário buscar ajuda de um especialista?
O ideal é que o bebê tenha acompanhamento periódico com um médico pediatra, para que tanto a criança quanto a família recebam todo o apoio necessário para que ele cresça bem, saudável e com todas as orientações adequadas. Ao acompanhar o crescimento, o profissional será capaz de identificar caso a criança apresente algum sinal de atraso no desenvolvimento.

Mas é importante procurar um especialista sempre que a criança demonstrar sinais persistentes de dificuldade em lidar com estímulos sensoriais do dia a dia. Esses sinais podem aparecer cedo e não se limitam apenas a atrasos motores.
Choro, por exemplo, ao ser colocada ou retirada do berço, devido ao movimento feito com a cabeça da criança.
Terapeuta ocupacional, Maria Cristina de Oliveira
A terapeuta ocupacional explica que esse tipo de resposta pode estar relacionado ao sistema vestibular, responsável por orientar o corpo no ambiente e garantir equilíbrio.
Além disso, situações comuns, como o momento do banho ou até mesmo um gesto de carinho, podem se tornar experiências desagradáveis para a criança. Algumas reagem como se a água fosse dolorosa, outras sentem incômodo com beijos e toques, mesmo desejando afeto. Nessas circunstâncias, a avaliação profissional é fundamental para orientar os cuidados adequados e favorecer o desenvolvimento saudável.
Por fim, assim como em muitas outras áreas do desenvolvimento, a consciência corporal do bebê se beneficia enormemente do apoio e do incentivo da família. Quando pais participam ativamente, oferecendo carinho, estímulos e segurança, o processo de reconhecimento do próprio corpo se torna mais natural e prazeroso.
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