A influência da música no desenvolvimento emocional do bebê

Você sabia que a música é uma das formas de expressão mais antigas do mundo? Seja para dançar, relaxar, animar ou até mesmo chorar, ela está presente em diversas ocasiões da nossa vida, nos mais variados ritmos, a música exerce um papel fundamental no desenvolvimento das crianças.

Como ajuda a unir a sensibilidade e a razão, a música contribui para a expressão do corpo e a socialização. É, portanto, um importante recurso para o desenvolvimento emocional, além de também favorecer aspectos cognitivos e motores.

Desde o útero materno, a música oferece um estímulo poderoso para os bebês, influenciando o cérebro em formação e proporcionando um aprendizado mais completo e enriquecedor. 

No artigo a seguir, você terá a oportunidade de compreender como se dá o desenvolvimento emocional do bebê e como a música contribui em relação a isso. Vamos explicar também quais são as principais habilidades emocionais para as crianças, e como a música pode ser explorada para potencializar seu desenvolvimento. Vamos lá! 

Como é o desenvolvimento emocional do bebê?

O desenvolvimento emocional é um aspecto fundamental e fascinante da primeira infância. Desde o momento do nascimento, os recém-nascidos começam a experimentar uma ampla gama de emoções. Essas emoções desempenham um papel crucial no estabelecimento de vínculos afetivos com os cuidadores e no desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais ao longo da vida. 

Passado o primeiro mês, o bebê começa a distinguir claramente a voz da mãe, em um processo que teve início ainda durante a gravidez. Nessa fase, ele já começa a demonstrar seus sentimentos e necessidades através da expressão corporal e facial, como ao esboçar um sorriso, fazer caretas, chorar e estabelecer contato visual como forma de comunicação.

O choro pode aparecer por diversas razões: desconforto, fome, sono, dores ou apenas porque precisa de atenção. Gradualmente, os pais começam a perceber que há diferentes tipos de choro e o que cada um deles significa. Nesse período, o sono é um fator de suma importância para a estabilidade emocional, além de contribuir para a consolidação da memória, relaxamento muscular e sensação de segurança.

Com 2 meses de idade, o bebê começa a gostar de agradar. Então, nessa fase, ele aprende que certos gestos e comportamentos são positivos e tende a imitá-los. Experimente sorrir para ele e conversar durante as rotinas diárias. Quando ele está feliz, sorri e gesticula para chamar a atenção. Mais adiante, ele vai fazer movimentos com mais intencionalidade, como para pedir colo, por exemplo.

Como nessa fase a criança é muito dependente da mãe, tudo o que envolve a amamentação, demais cuidados e o ambiente onde ele está inserido são fundamentais para que o bebê se sinta seguro e amado. Com a rotina do dia a dia, sua estabilidade emocional tende a se consolidar cada vez mais, possibilitando uma noção de familiaridade e previsibilidade sobre o que vai acontecer.

Chegando aos 3 meses, o bebê demonstra alegria ao ver os pais e outras pessoas com quem está familiarizado. Ele começa a se comunicar intencionalmente, emitindo sons e sorrindo abertamente. A criança nessa fase também compreende e reconhece o sorriso das pessoas à sua volta.

O bebê começa a entender a diferença entre estar sozinho ou acompanhado por volta dos 4 meses, e chora para demonstrar sua insatisfação quando fica longe dos pais. Ou seja, ele aprecia a companhia deles e gosta de atenção. 

Com 5 meses, a criança verbaliza, gesticula, chora, sorri e ri para se comunicar, e não apenas para satisfazer necessidades de sobrevivência, como acontecia antes.

Ela começa a demonstrar sentimentos de medo quando ouve barulhos altos ou inesperados, e tende a estranhar pessoas de fora do seu convívio. É também nessa fase que ele começa a distinguir diferentes tons de voz, como quando uma pessoa fala calmamente de quando se expressa com raiva, por exemplo.

O sentimento de posse pelos pais começa a aparecer por volta dos 6 meses, quando a criança também estranha com mais intensidade as pessoas que ela não conhece, podendo até mesmo reagir de forma física. Nessa idade, descobre as mãos e utiliza-as para demonstrar afeto e apreço pelas pessoas que gosta.

Até os 8 meses, é provável que comece a se comunicar com outros bebês e usar as habilidades adquiridas até então para se relacionar. Parece até mesmo que começa a tentar “conversar”.

Dos 9 aos 12 meses, o bebê compreende e imita regras e rotinas sociais, manifesta carinho com abraços e já tem alguma noção de individualidade desenvolvida, reconhecendo seu próprio nome. 

Até os 15 meses, aprende a apreciar o convívio social e estabelecer relações de maneira independente, demonstrando um comportamento mais expansivo e participando da rotina dos adultos.

Chegando aos 18 meses, começa a construir a autoconfiança e a independência, tem preferência por determinados brinquedos e o interesse de desempenhar determinadas tarefas sozinho. É também nessa idade que passa a gostar de animais. 

Durante cada uma dessas etapas, a música pode ser explorada como recurso para favorecer o desenvolvimento emocional dos bebês. As crianças são sensíveis aos sons e à melodia desde muito cedo, o que explica porque a música pode ser uma ferramenta poderosa para acalmar, estimular e interagir com elas. 

Cantar canções de ninar suaves pode proporcionar conforto e segurança, ajudando os bebês a regular suas emoções e a se acalmar. Além disso, a exposição a uma variedade de estilos musicais pode enriquecer a experiência sensorial dos bebês, estimulando o desenvolvimento cognitivo e emocional. 

À medida que crescem, os bebês começam a responder à música com expressões faciais, movimentos corporais e até mesmo sorrisos, demonstrando como a sonoridade se torna um canal de expressão emocional importante em suas vidas desde os primeiros dias.

Continue a leitura para conferir mais detalhes de como a música pode contribuir em relação ao desenvolvimento emocional dos pequenos.

O que a música estimula no bebê?

Inserir a música na rotina e na aprendizagem do bebê oferece inúmeros benefícios, incluindo momentos de diversão com a família ou amiguinhos da escola, consciência sobre o próprio corpo e incentivo à alfabetização, entre diversas outras vantagens. Veja a seguir os efeitos da música para o desenvolvimento do bebê.

Expressão corporal

Os estímulos que a música provoca servem para que a criança aprenda a se expressar por meio dos seus movimentos corporais, favorecendo a psicomotricidade. Isso pode ser percebido desde os movimentos mais simples (como girar e bater palmas) até os mais amplos, complexos e elaborados. 

Isso significa que tanto a coordenação motora global quanto a coordenação motora fina são trabalhadas durante as atividades desenvolvidas com o auxílio de instrumentos musicais ou durante a dança.

Quando uma criança escuta uma música cativante, seu corpo tende a responder instintivamente por meio de movimentos, o que pode envolver o balançar da cabeça e até mesmo os primeiros passos de dança. Além da coordenação motora, esse processo também ajuda a desenvolver a consciência do próprio corpo, equilíbrio e controle muscular.

Desenvolvimento socioafetivo

O aspecto socioafetivo é tão importante quanto as funções motoras, e também é estimulado quando o bebê é exposto à música. Inserir esse recurso na rotina da criança é uma forma singular de estimular o contato social e afetivo.

A música está presente nas cantigas de ninar e em diversos outros momentos nos quais o adulto tenta confortar e distrair o bebê. Esse é um recurso para criar vínculo e transmitir segurança.

Ao incentivar uma criança pequena a criar canções, por exemplo, é possível viabilizar o desenvolvimento de habilidades socioemocionais como o autocontrole, a empatia, a autoestima e a confiança. Além disso, é uma forma de combater a timidez e a insegurança. Ou seja, por meio desse recurso é possível desenvolver competências que são determinantes para toda a vida.

Ao ouvir música e estar em contato com instrumentos, as crianças também aprendem a encontrar e expressar seus gostos pessoais e sua própria personalidade. Esse aprendizado é importante porque incentiva a autonomia e o autoconhecimento.

Socialização

Ter contato com música logo nos primeiros meses de vida é uma oportunidade e tanto para a socialização.

Afinal, a música proporciona momentos de descontração, dança e até mesmo para criação de novas canções de acordo com a rotina do bebê. Assim, trás benefícios a todos os envolvidos, tanto ao bebê quanto para toda a família e amigos.

Criatividade

A música também é muito benéfica para a criatividade, já que o contato com esse tipo de estímulo ajuda a expandir a imaginação para outros cenários e sensações, como para a narração de histórias e brincadeiras.

O teor lúdico dessas atividades tem um grande potencial para desenvolvimento da criatividade, que é uma das habilidades mais importantes de serem incentivadas desde a infância.

Conforme a criança vai crescendo e tendo contato com sons e instrumentos musicais, ela passa a aprender a criar arranjos, fazer improvisações e até mesmo arriscar suas próprias composições. De repente isso pode até mesmo se tornar um hobby no futuro!

Aquisição da linguagem

Durante os primeiros anos da criança, a música também desempenha um papel importante no desenvolvimento da linguagem verbal e não verbal, quando ela ainda está aprendendo a pronúncia correta das palavras. Essa ferramenta é benéfica para a alfabetização e também para o desenvolvimento das habilidades de comunicação.

E isso serve não apenas para a língua materna, já que o desenvolvimento infantil também é favorecido pelo contato com outros idiomas. Quanto mais cedo a criança for estimulada, mais fácil será a absorção de palavras em outras línguas, facilitando a assimilação em aulas realizadas quando ela estiver mais crescida.

Desenvolvimento cognitivo

Um dos principais impactos positivos da música no desenvolvimento infantil é em relação ao aprimoramento das funções cognitivas.

Ao ser exposto a diferentes sons, múltiplas ações cerebrais são estimuladas, como memória, atenção, foco e concentração, percepção sensorial e processamento de informações.

Enriquecimento cultural

Por fim, é preciso reconhecer a importância da música como forma de arte e entretenimento, e de expressão de tradições populares e religiões. Assim, oferece uma oportunidade e tanto para apresentar outras culturas além da nossa para as crianças pequenas, favorecendo o aprendizado sobre a diversidade e a importância do respeito às diferenças. 

Agora que você já sabe como a música pode favorecer o desenvolvimento infantil, confira a seguir as principais habilidades emocionais que devem ser estimuladas desde os primeiros meses de vida, e como a música pode ser um recurso facilitador nesse sentido.

Quais as principais habilidades emocionais para crianças? 

Como vimos até aqui, desde a tenra idade as crianças começam a aprender a reconhecer, expressar e regular suas emoções. Isso inclui a capacidade de identificar sentimentos em si mesmas e nos outros, compreender as causas de suas emoções e aprender estratégias para lidar com elas de maneira saudável. 

Habilidades como autoconfiança, coragem, persistência e paciência são fundamentais para o desenvolvimento de relacionamentos saudáveis e para a navegação das complexidades emocionais que enfrentarão ao longo da vida. 

Veja a seguir mais detalhes sobre essas e outras capacidades que devem ser estimuladas e incentivadas desde os primeiros meses de vida do bebê.

Autoconfiança

A capacidade de confiar em si mesma faz com que a criança reconheça seu próprio potencial e consiga encarar desafios e conquistar o que deseja. Isso também envolve levar em conta as próprias vulnerabilidades e identificar o que pode ser melhorado.

Para que a criança seja capaz de tudo isso, é de suma importância incentivar a autoconfiança desde cedo. Lembre-se de que a chave é criar um ambiente positivo e amoroso, no qual o bebê se sinta seguro para explorar e se expressar através da música. Isso ajudará a construir a autoconfiança à medida que eles crescem e desenvolvem suas habilidades.

A autoestima está diretamente relacionada a essa habilidade, por isso é importante reconhecer e fazer elogios desde as primeiras conquistas do bebê, ajudando-o nesse processo de reconhecimento. E quando a criança cometer erros ou não agir conforme o esperado, um diálogo aberto e compreensivo será sempre o melhor caminho. 

Coragem

Diferentemente do que se pensa, a coragem não é uma virtude inerente ao ser humano. Ela deve ser incentivada e desenvolvida, e essa é uma forma de auxiliar desde cedo a criança a superar seus medos e progredir na vida. Dessa forma, ela saberá lidar melhor com os receios e inseguranças.

Persistência

A persistência é a capacidade de seguir adiante, mesmo diante de dificuldades, e a música pode ser uma ferramenta eficaz para estimular essa habilidade. Quando expostos a canções animadas, os bebês podem se sentir motivados a se envolverem, seja batendo palmas no ritmo da música, balançando o corpo ou tentando cantar junto, mesmo se as suas primeiras tentativas forem imperfeitas.

É fundamental ensinar as crianças a lidarem desde cedo com as frustrações, reconhecendo que nem tudo acontece da maneira que esperam que aconteça. Isso é determinante para que perseverem, seja nos desafios enfrentados ao longo das primeiras fases do desenvolvimento, seja durante a vida adulta.

Resolução de problemas

A capacidade de solucionar problemas de forma racional e ponderada pode fazer toda a diferença na nossa personalidade, e o estímulo quanto a isso deve ser iniciado logo nos primeiros meses de vida. 

É preciso incentivar a criança a pensar criticamente e focar objetivamente nas situações enfrentadas, tendo iniciativa e proatividade durante todo o processo de descoberta para conseguir solucionar os desafios. Uma ótima ideia para trabalhar essa habilidade é utilizar jogos e recursos lúdicos, o que envolve também atividades de música e dança. 

Paciência

Essa competência é uma das principais chaves para o desenvolvimento de uma personalidade compreensiva e tolerante. Se tratando de crianças, é importante ensinar desde o início que tudo tem seu tempo e que nem sempre é possível ter total controle sobre as situações.

Se o seu bebê é mais agitado, músicas suaves e relaxantes podem ser usadas para acalmá-lo, ajudando a desenvolver a capacidade de esperar e relaxar em situações desafiadoras. 

Altruísmo

Ser altruísta significa ajudar as outras pessoas, pensando além dos seus próprios interesses. Essa habilidade emocional estimula a criança a se manter engajada e a contribuir positivamente para a família, escola e comunidade nas quais ela está inserida, a partir de iniciativas que visem ao bem comum 

Ao expor o bebê a canções que falam sobre a importância de ter bondade e ajudar os outros, você tem a oportunidade de criar uma atmosfera emocionalmente rica, enfatizando os valores de cuidar e compartilhar.

Além disso, cantar canções com temas de cooperação e amizade e dançar juntos ajuda a construir laços emocionais e reforçar a ideia de que a música é uma atividade social que envolve a conexão com os outros.

Empatia

Essa é provavelmente a habilidade emocional que está mais em alta. Ela diz respeito ao ato de se colocar no lugar do outro e tolerar características e opiniões alheias. Ou seja, envolve reconhecer que há diferentes pontos de vista sobre uma situação, e que é importante respeitá-los. 

O envolvimento em atividades lúdicas que envolvam músicas e interações sociais é de grande ajuda para a construção de relacionamentos e a compreensão das emoções dos outros, desenvolvendo, assim, uma maior capacidade de empatia.

Além disso, o contato com outras culturas e formas de expressão possibilita que as crianças compreendam que há realidades diferentes que devem ser valorizadas e respeitadas.

Que a música oferece uma série de benefícios para todas as idades, não há dúvidas. Mas se você ainda não tem certeza de como pode incorporar a música no dia a dia do seu bebê de modo a contribuir com seu desenvolvimento, confira no tópico a seguir algumas dicas que vão te ajudar.

Como utilizar a música no desenvolvimento infantil?

Está mais do que evidente a importância que a música tem para o desenvolvimento infantil, não é mesmo? Que tal pensarmos juntos em algumas formas de inseri-la no cotidiano dos pequenos? 

Uma das maneiras mais fáceis de introduzir as músicas para os bebês é cantando e dançando com eles, de preferência ao som de músicas que tenham letras fáceis de memorizar, com repetições e palavras simples. Quando o bebê já estiver um pouco mais crescido, você pode dar preferência às opções educativas e deixar a criança livre para escolher a música que prefere ouvir. 

Desde a gestação, é interessante compartilhar com o bebê algumas das suas músicas favoritas, permitindo que ele se familiarize com diferentes sonoridades e vozes. Muitas vezes, o interesse pela música atravessa gerações, passando dos pais para os filhos como uma herança cultural valiosa.

Ao longo de toda a infância, você pode promover brincadeiras e atividades associadas com estímulos musicais, como a clássica dança das cadeiras, por exemplo. As coreografias também são uma boa pedida para crianças maiores, servindo como uma forma de incentivar suas funções motoras e a expressão corporal. 

Outro incentivo poderoso é ensinar as crianças a produzir sons com as próprias mãos, boca e objetos, possibilitando o desenvolvimento da noção de ritmo. Quando ele aprender a escrever, poderá também criar suas próprias composições, mesmo que seja apenas um versinho.

Essas são algumas das formas de utilizar a música ao longo do crescimento do seu bebê, favorecendo todos os tipos de desenvolvimento, sobretudo o emocional. Afinal, sentimentos nem sempre são algo simples de compreender, muito menos de explicar para crianças. Recorrer às canções é uma excelente maneira de tornar essa tarefa mais lúdica e ampliar o repertório de recursos. 

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