Estimulando a independência do bebê: marcos e estratégias
A medida que se desenvolve, o bebê começa a perceber que tem seu próprio corpo, pensamentos e sentimentos, e passa cada vez mais a querer fazer as coisas do seu jeito. Após poucos meses de vida, ele já responde a diferentes estímulos e interage mais, e determinados detalhes são capazes de despertar o interesse e a independência do bebê.
Nesses momentos, é recomendado que os pais estimulem ainda mais os movimentos e a independência da criança. Durante os três primeiros anos de vida (conhecidos como a “fase de ouro”), a criança tem um maior potencial para desenvolvimento e crescimento cerebral. Sendo assim, é fundamental estimulá-lo para favorecer seu desenvolvimento físico, cognitivo, social e psicoafetivo.
No artigo a seguir, vamos tratar sobre a independência do bebê e como ela é desenvolvida ao longo dos primeiros anos de vida. Além disso, vamos falar também sobre as etapas que fazem parte desse tipo de desenvolvimento, e o que os pais e cuidadores podem fazer para estimulá-lo. Confira!
Como e quando a independência do bebê se desenvolve?
A independência tem estreita relação com o senso de individualidade, algo que leva anos para se formar. Nos primeiros meses de vida, a criança acredita que é uma extensão da mãe – é só a partir dos 6 ou 7 meses que ela passa a identificar a diferença e entender que pode ser deixada sozinha.
É justamente nessa fase que se inicia o medo de abandono, conhecido também como ansiedade de separação. Ela pode durar até por volta dos 2 anos de idade, e diz respeito ao sentimento que um bebê sente ao notar que está longe de seus pais, ainda que isso dure um breve instante.
A ansiedade de separação faz parte do desenvolvimento infantil, e costuma ter seu pico entre o 10º e 18º mês de vida. Leva algum tempo para que o bebê entenda e se acostume com a ideia de que sua mãe é uma pessoa e ele é outra, apesar de ainda depender inteiramente dela.
Essa percepção se transforma em um temor de que a mãe desapareça ou o abandone, o que faz com que o bebê chore quando ela sai do seu campo de visão. Caso fique muito tempo longe da mãe, o bebê pode apresentar irritação, falta de apetite e até mesmo alguns sintomas físicos, como os de um leve resfriado.
Essa ansiedade só diminui quando a criança começa a compreender que sua mãe sempre retorna, mesmo que precise passar alguns minutos ou horas longe dele, como ao deixá-lo na creche ou sair para trabalhar. Ou seja, a despedida de sua mãe não é definitiva. Até conquistar esse nível de entendimento, é preciso ter bastante paciência.
Conforme o tempo vai passando, a criança aprende a se tornar mais sociável, e fica também mais confiante de que sua mãe retorna, mesmo depois de deixá-la sob os cuidados de outra pessoa.
Assim, o bebê consegue superar seus temores e começa a formar sua própria individualidade e independência. Continue a leitura para descobrir quais os principais marcos desse aspecto do desenvolvimento.
Quais as principais etapas do desenvolvimento da independência?
De maneira geral, podemos entender a construção do senso de individualidade e da independência da criança de acordo com a sua idade.
Durante seus primeiros 6 meses de vida, o bebê se identifica totalmente com quem cuida dele. Sua vivência se resume basicamente às necessidades básicas, como comida, amor e atenção. Ainda não há uma identidade própria, uma vez que o pequeno está aprendendo a controlar reflexos e os movimentos mais simples do seu corpo.
Os primeiros sinais de independência começam a surgir por volta dos 4 meses, quando o bebê descobre que o seu choro tem a capacidade de chamar a atenção das pessoas à sua volta e fazer com que elas tentem sanar suas necessidades. Esse é um dos primeiros passos para que a criança entenda que tem vontade própria e que seu comportamento tem o poder de provocar reações nas outras pessoas.
Por volta dos 7 meses, o bebê passa a compreender que é, de certa forma, um ser independente em relação a sua mãe. Esse é um importante salto cognitivo para o seu desenvolvimento, que, apesar de ser digno de comemoração, é também algo que passa a gerar certa ansiedade na criança.
Nessa fase, o elo entre o bebê e sua mãe já se tornou tão forte que basta ela sair da sua vista por alguns segundos para que ele comece a chorar. Isso acontece porque a criança ainda não compreende que a mãe é capaz de retornar – só o que está diante de seus olhos é passível de ser percebido por ele.
Os bebês podem demonstrar sinais de ansiedade devido à separação da mãe a partir dos 6 ou 7 meses de idade, com esse comportamento chegando em seu auge entre 10 e 18 meses. À medida que o tempo passa, a criança tende a se tornar cada vez mais sociável e confiar em outras pessoas, aprendendo que a separação da sua mãe é apenas temporária e que ela sempre retorna para perto dele.
Entre 1 e 2 anos de idade, o bebê já é capaz de diferenciar a si próprio em relação à mãe e ao mundo à sua volta. Assim, começa a criar sua própria identidade. Chegando aos 2 anos, ainda é possível que a criança se chateie ao ser deixada na escolinha ou com algum cuidador, mas a ansiedade gerada por isso começa a passar cada vez mais rápido, já que eles desenvolvem mais segurança.
Afinal, a experiência e o desenvolvimento da memória comprovam que sua mãe volta para perto dele depois de algum tempo.
É isso que vai possibilitar que a criança tenha confiança o suficiente para se aventurar por conta própria em busca de novidades e novas experiências. Alguns sinais importantes que demonstram que a independência está sendo desenvolvida é a insistência em vestir determinada peça de roupa, uma maior receptividade em relação a comidas específicas ou a recusa em dar a mão aos pais ao andar na rua.
Dessa forma e aos poucos, a criança vai desenvolvendo sua própria opinião e adquirindo cada vez mais independência em relação aos pais. Entre 2 e 3 anos de idade, ela tende a se afastar mais para explorar o mundo, testando limites e se sentindo mais confortável com outros adultos em quem confia.
O desejo por fazer as coisas do jeito dela é o que pode desencadear algumas crises de birra, consideradas frequentes nesta idade. A partir de então, a criança entra em uma nova fase de desenvolvimento, já que o senso de independência do bebê se encontra mais fortalecido.
Mas para que isso seja possível e aconteça da maneira mais natural e saudável, é preciso estimular o bebê. Descubra como fazer isso no próximo tópico.
Como estimular a independência do bebê?
O vínculo com os pais é um importante ponto de partida para que a criança tenha vontade de explorar o mundo. Esse elo é construído desde o nascimento, e é preciso fortalecê-lo através de muito amor e cuidados constantes, viabilizando a construção de confiança para que a criança se sinta à vontade para se soltar.
Alguns pequenos gestos podem ajudar nesse sentido desde o início, como responder imediatamente ao choro do bebê, alimentá-lo quando ele está com fome, trocar a fralda suja e conversar e sorrir bastante.
Tudo isso é importante e ajuda a formar um laço forte e consistente entre pais e filhos desde os primeiros dias de vida. Veja abaixo algumas outras dicas que vão te ajudar nesse sentido.
Interaja com o bebê
Os adultos comumente pensam que os bebês não entendem suas tentativas de interação, mas a verdade é que eles são como uma esponja, percebendo o ambiente, os conflitos que ocorrem nele, quando há mudanças de regras e quando há estimulação.
Sendo assim, logo nos primeiros meses de vida é interessante explorar a interação por meio do estímulo visual, auditivo e tátil. Olhe nos olhos, converse com diferentes entonações de voz, apresente brinquedos coloridos, com contraste e com efeitos de sons diferentes, cante e estimule o tato.
Além disso, o colo é igualmente importante, já que o contato pele a pele também desperta o desenvolvimento do bebê, que sentirá o calor, o aconchego e a segurança das pessoas que fazem parte do seu convívio diário.
Promova a segurança
Sentir-se seguro é algo importante em qualquer fase da vida, mas na infância esse aspecto tem um peso ainda maior. A segurança advinda dos pais é a primeira fonte de segurança a qual qualquer pessoa pode ter acesso, servindo como modelo para sua adolescência e vida adulta.
Ou seja, essa forma de aceitação e a vontade de se desafiar, arriscar e fazer dar certo têm início logo nos primeiros meses e anos de vida. As atividades e interações realizadas com o intuito de fortalecer a independência do bebê passam a mensagem de que os adultos confiam nela e acreditam na sua capacidade de fazer determinada atividade.
A segurança física também é de suma importância, por isso recomenda-se que crianças sejam sempre supervisionadas por adultos. No caso dos bebês, é preciso fazer adaptações nos ambientes aos quais eles têm acesso, protegendo tomadas, móveis pontiagudos e janelas.
Para evitar frustrações e permitir que a criança se movimente livremente e em segurança, afaste móveis e tire do alcance qualquer objeto que possa ser perigoso ou frágil. Escolha alguns itens ou brinquedos interessantes e seguros e coloque à disposição para que ela possa descobrir enquanto explora o espaço.
Garantir um ambiente seguro é fundamental para que a criança se sinta à vontade para testar limites e explorar o mundo ao seu redor. Sempre que possível, elogie a curiosidade dela.
Ofereça novas possibilidades
Durante os primeiros seis meses do bebê, o ideal é que sua alimentação seja exclusivamente baseada na amamentação. Passado esse período, é hora de introduzir novos sabores e texturas para desenvolver o paladar do bebê e permitir que ele tenha contato manual com os alimentos.
Isso tudo serve para desenvolver a autonomia e o conhecimento a partir de novas experiências. Para favorecer a independência do bebê e estimular comportamentos, resista à tentação de facilitar e entregar tudo de maneira simplificada para a criança.
Por volta dos dois anos de idade, a criança já consegue segurar a colher com mais firmeza. Nessa fase, incentive-a a se alimentar de maneira mais independente, sempre sob a supervisão de um adulto.
Invista em brincadeiras
Brincadeiras como o famoso esconde-esconde ou “achou!” possibilitam que o bebê compreenda os conceitos de separação e de retorno. Os pais podem participar ativamente da brincadeira, se posicionando atrás de um móvel ou uma almofada, ou até mesmo escondendo um brinquedo que a criança gosta embaixo de uma manta.
Ofereça brinquedos que ajudem no desenvolvimento da coordenação motora da criança e que sejam condizentes com a idade que ela tem. Dê preferência por brinquedos coloridos e montáveis, bolas, cordas, etc. Para favorecer a coordenação motora fina, promova atividades que trabalhem com as mãos e materiais como lápis, giz, tintas e barbantes.
Tente ajudá-lo a engatinhar
Outra forma de ajudar a estabelecer a independência do bebê é em relação aos seus movimentos. Como você já deve saber, o ato de engatinhar é um dos marcos importantes do desenvolvimento infantil, que ocorre entre os 7 e 10 meses de idade.
Esse aprendizado é benéfico para a estrutura muscular, do cérebro e da visão, e também tem forte ligação com a independência do bebê, pois quando o bebê conquista certa mobilidade passa a ter mais oportunidades para explorar os ambientes.
O envolvimento da família é importante nessa fase, sempre levando em conta que cada criança tem um processo diferente. Não é recomendado corrigir para não atrapalhar a evolução, mas é interessante estimular o bebê.
Escolha um ambiente seguro e plano, e posicione o bebê de barriga para baixo. Coloque brinquedos que a criança goste à sua frente, como forma de estímulo para que ela se movimente em direção a eles. Você também pode chamar o bebê para si, ou engatinhar junto com ele para que ele compreenda os movimentos que deve fazer.
Quando ele aprender a engatinhar, experimente ficar um pouco afastado(a) dele dentro de casa, e permita que ele vá sozinho até outros cômodos (que devem ser adaptados para não oferecer nenhum risco). Espere alguns minutos para ir atrás. O processo de separação tende a ser mais fácil quando é iniciado pela criança.
Mesmo colocando em prática essas dicas, é comum que algumas crianças ainda apresentem certa dificuldade para desenvolver sua independência. O que fazer nesses casos? Continue a leitura para descobrir!
O que fazer quando o bebê não desgruda da mãe?
Para crianças pequenas, perder a mãe de vista pode parecer a pior coisa do mundo, mesmo que ela esteja a poucos metros de distância. Em alguns casos, a mãe não pode nem mesmo ir ao banheiro ou tomar banho sem que o filho a procure.
Esse tipo de situação muitas vezes é sucedido por desespero e muito choro. Isso nada mais é que a ansiedade ou angústia de separação que vimos anteriormente. Ou seja, trata-se de uma fase normal do desenvolvimento da criança, e não necessariamente significa que os pais não estejam dando atenção o suficiente ou que estejam fazendo algo errado.
Mas afinal, qual a melhor maneira de lidar com essa fase? Uma das mais importantes dicas é a mãe não forçar o afastamento, nem sair de perto dele escondida, sem se despedir dele. Esse tipo de abordagem pode deixá-lo ainda mais assustado e inseguro.
Entre 1 e 2 anos, a criança passa a ter um domínio maior da linguagem, assim é possível explicar quando precisar se ausentar. Sempre que possível, se despeça na hora de deixá-lo com alguém ou na escolinha, e permita que ele veja você se afastando. Procure manter um clima agradável e tranquilo durante a despedida.
Durante essa fase, evite deixar o bebê sob os cuidados de alguém com quem ele não está acostumado a conviver. Antes de fazer isso, certifique-se de que ele se sente à vontade e estabeleça um vínculo com a pessoa que ficará responsável por ele.
Enquanto isso não acontece, fique por perto durante as interações. Com o tempo, a confiança será fortalecida. Isso é importante porque, ao estar com alguém de quem gosta e em quem confia, ele se sentirá menos ansioso ao ficar longe da mãe.
Outra estratégia eficiente para confortá-lo é deixar por perto algum objeto ou peça de roupa com a qual ele já esteja acostumado ou que tenha o seu cheiro – como uma naninha, por exemplo.
Outra boa ideia é estimular a criança a ir brincar mais longe de você, mantendo-se no mesmo lugar para caso ela resolva te procurar. Com o passar do tempo, é natural que esse tipo de ansiedade diminua cada vez mais. Se isso não acontecer, o mais recomendado é procurar ajuda profissional de um psicólogo.
Mesmo que a criança comece a se desenvolver nesse sentido, é natural que ela passe períodos de maior independência e outros mais agarradinha à mãe. Quanto mais informada e tranquila a família estiver a esse respeito, mais facilmente esse período será superado.
E mesmo quando a criança se tornar mais independente, isso não quer dizer que ela precise menos do carinho e do conforto dos pais. Embora se tornem menos apegadas, elas continuam buscando atenção constante, o que será necessário por muito tempo.
O fato é que estimular a independência de bebês e crianças é algo de suma importância, já que serve como incentivo para que testem e arrisquem, dando condições para que desenvolvam autoestima e segurança, e consigam se posicionar melhor no mundo durante a adolescência e vida adulta.
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