Guia do Puerpério: Duração, Sintomas e Cuidados
A chegada de um bebê representa uma das maiores transformações na vida de uma mulher. Esse momento é repleto de emoções intensas, expectativas e aprendizados, mas também traz desafios que exigem adaptação e suporte. Pois, a maternidade vai muito além da gestão e do parto, envolvendo um período de recuperação física, ajustes emocionais e a construção de um novo ritmo de vida.
Diante disso, compreender o que acontece durante essa fase é essencial para que a mãe possa se preparar e enfrentar os desafios com mais segurança e tranquilidade. O puerpério ou resguardo, é o período que marca essa transição, exigindo atenção especial tanto ao corpo quanto à mente.
Com informação e apoio adequado, é possível atravessar essa jornada de forma mais leve e positiva. Por isso, neste post, você vai entender profundamente o que é o puerpério, quanto tempo dura, quais são as transformações físicas pelas quais a mãe passa e como se preparar.
O que é o puerpério?
O puerpério é um período de intensas mudanças físicas, hormonais e emocionais que se inicia logo após o parto e se estende até que o corpo da mulher retorne ao seu estado anterior à gestação.
Esse período é marcado por uma queda brusca nos níveis hormonais, especialmente de estrogênio e progesterona, o que pode resultar em oscilações emocionais, sensibilidade exacerbada e episódios de choro sem motivo aparente.
Ademais, a rotina da mãe também sofre transformações significativas. Pois, a privação de sono, o desafio de estabelecer a amamentação e a nova dinâmica familiar exigem um alto grau de adaptação. Nesse contexto, contar com uma rede de apoio se torna essencial para que a ex-gestante possa lidar melhor com os desafios dessa fase.
É uma avalanche de emoções associada à flutuação de hormônios e mudanças sociais, como a privação de sono e a aceitação do novo. É um choro que vem do nada, uma melancolia que a mãe não entende, uma sensação de solidão mesmo quando se está rodeada de pessoas, algo que ela não tem controle.
Por fim, cada mulher vivencia o puerpério de maneira única, com durações e intensidades distintas. E, entender que esse é um período de transição ajuda a encará-lo com mais serenidade e confiança, permitindo que a recuperação física e emocional aconteça de forma gradual e respeitosa ao próprio ritmo.
Quanto tempo dura o puerpério?
O puerpério pode durar entre 45 e 60 dias, mas sua duração exata varia de mulher para mulher, pois esse período é dedicado para a recuperação da ex-gestante e para que os órgãos comecem a voltar às suas condições normais.
Além disso, a amamentação, por exemplo, pode prolongar esse período, pois interfere na ovulação e na regulação hormonal. Mas, ainda assim, existem três fases essenciais no resguardo.
A gente costuma dizer que a gestação é uma situação de evolução, o parto é a resolução e o puerpério seria a regeneração. Não só do ponto de vista físico, mas do ponto de vista metabólico. É um período que, fisiologicamente, ela tenta restabelecer a sua condição pré-gravítica”, define o médico obstetra.
- Puerpério imediato: Começa logo após o parto e dura até o 10º ou 11 dia. É um período de intensas mudanças físicas, com a regressão do útero ao tamanho normal e a cicatrização dos tecidos.
- Puerpério tardio: Ocorre entre o 11º e o 42º dia pós-parto, quando o organismo continua sua recuperação e a produção hormonal começa a se equilibrar.
- Puerpério remoto: A partir do 43º dia, o corpo da mulher inicia a retomada da ovulação e pode voltar a menstruar. Para mulheres que amamentam exclusivamente, esse retorno pode demorar mais.
Principais mudanças no corpo durante o resguardo
Durante o puerpério, o corpo passa por uma série de transformações que são consequências da recuperação da mulher e a adaptação à nova fase da maternidade. Entre as principais alterações estão:
3. Sangramento vaginal
Nos primeiros dias após o parto, a mulher pode apresentar um sangramento vaginal conhecido como lóquios, que é um processo natural do organismo para eliminar restos de tecido e fluidos uterinos.
Esse processo pode durar de quatro a seis semanas, dependendo do organismo de cada mulher, sendo que suas características vão se modificando com o passar do tempo. Por exemplo, inicialmente, o fluxo é intenso e de cor vermelho vivo, semelhante à menstruação. Com o passar dos dias, a coloração do sangramento muda gradativamente para marrom, depois amarelado e, por fim, esbranquiçado.
Além disso, é essencial monitorar a intensidade e a odorização desse sangramento, pois qualquer alteração anormal, como um cheiro fétido ou aumento repentino no fluxo, pode indicar uma infecção e exigir atenção médica imediata.
2. Inchaço abdominal e cólicas
O útero leva algumas semanas para retornar ao seu tamanho original, um processo conhecido como involução uterina. Durante esse período, é comum que a mulher sinta inchaço abdominal e cólicas, especialmente enquanto amamenta.
Isso ocorre porque a sucção do bebê estimula a liberação de ocitocina, um hormônio que provoca contrações no útero, ajudando a reduzir seu tamanho gradualmente. Além disso, essas contrações podem ser mais intensas nos primeiros dias pós-parto e, embora possam causar desconforto, são essenciais para a recuperação do corpo e para minimizar o risco de hemorragia.
1. Alterações na mama
As mudanças hormonais que ocorrem após o parto afetam diretamente as mamas, pois o corpo está sendo preparado para a amamentação. Logo, nos primeiros dias, é comum que elas fiquem mais sensíveis, inchadas e doloridas devido ao aumento do fluxo sanguíneo e à produção inicial de leite.
Nesse cenário, a sucção do bebê é essencial para regular a produção de leite, garantindo que as mamas sejam esvaziadas adequadamente e evitando complicações como o ingurgitamento mamário. Além disso, caso o pequeno tenha dificuldades na pega ou a mãe sinta dor intensa ao amamentar, é recomendável buscar ajuda de um especialista em amamentação para ajustar a posição e a técnica da mamada.
Como passar pelo puerpério com mais tranquilidade
Ao longo desta fase desafiadora, é essencial contar com estratégias que ajudem a tornar o puerpério mais leve e manejável. Pequenos ajustes na rotina e a presença de uma rede de apoio podem fazer toda a diferença na experiência da mãe. Por isso, nos próximos tópicos, vamos abordar algumas medidas práticas para garantir mais tranquilidade, bem-estar e segurança durante essa jornada.
5. Tenha uma rede de apoio
Peça ajuda de familiares e amigos para dividir tarefas domésticas e garantir suporte emocional durante esse período de adaptação. O envolvimento do parceiro é fundamental, seja ajudando nos cuidados com o neném, como trocas de fraldas e banhos, ou proporcionando momentos de descanso para a mãe.
Ter o companheiro por perto sendo solidário é fundamental. Assim como ter pessoas que possam ajudar a mulher na sua rotina diária. A mulher precisa de colo para dar colo para o bebê. A união, o aconchego, a compreensão são fundamentais.
Além disso, quando bem estruturada não apenas reduz a sobrecarga física e mental, mas também fortalece o vínculo familiar e promove uma recuperação mais tranquila. Portanto, nada de sentir vergonha ou medo de pedir uma mão para as pessoas que você incluir nessa rede de apoio.
4. Estabeleça horários para visitas
O resguardo é um período delicado de adaptação e descanso, no qual a mãe precisa priorizar seu bem-estar físico e emocional. Logo, o excesso de visitas pode ser desgastante, comprometendo a recuperação e a criação do vínculo com o recém-nascido.
Por isso, é essencial estabelecer limites claros, definindo horários apropriados para receber amigos e familiares, sempre respeitando seu tempo e suas necessidades. Pois, criar um espaço de tranquilidade e apoio contribui para uma recuperação mais serena e para uma transição mais suave.
3. Cuide da Alimentação e Hidratação
Manter uma dieta equilibrada e ingerir líquidos em quantidade adequada são aspectos fundamentais para a recuperação pós-parto e para garantir uma produção saudável de leite materno.
A alimentação da mãe deve ser rica em nutrientes essenciais, como proteínas, ferro, cálcio e vitaminas, pois isso influencia diretamente sua energia e disposição para cuidar do bebê. Ademais, a ingestão de líquidos, principalmente água, chás naturais e sucos sem adição de açúcar, é essencial para estimular a lactação.
2. Respeite seu tempo e descanso
A privação de sono é um dos desafios mais comuns do puerpério, podendo afetar o bem-estar físico e emocional da ex-gestante. Isso ocorre porque os recém-nascidos possuem um padrão de sono irregular, o que acaba dificultando para que as mães possam descansar adequadamente.
Além disso, evite cobranças excessivas sobre produtividade e tarefas domésticas, pois este é um período de recuperação que exige paciência e autocuidado. Delegar responsabilidades e contar com uma rede de apoio pode ser essencial para garantir uma melhor qualidade de descanso e bem-estar.
1. Divida as tarefas com o seu parceiro
Se antes da gravidez o seu parceiro não era tão ativo com ajuda em tarefas do cotidiano, esse é o momento de ter uma conversa franca e começar a dividir essas atividades. Isso porque é fundamental que o pai participe de todas as etapas de cuidado do seu filho, desde a primeira semana de vida dele.
Então, converse com para que ele também troque troque fraldas, dê banho, coloque o bebê para dormir e, claro, ajude nas tarefas da casa, como preparar comida, limpar os cômodos, fazer compras no mercado e afins.
Como saber se o puerpério está acabando?
O puerpério é considerado finalizado quando a mulher volta a ovular e sua função reprodutiva é restabelecida. Esse processo ocorre gradualmente, à medida que os hormônios gestacionais diminuem e o corpo retoma sua atividade hormonal pré-gestacional.
A principal indicação de que o resguardo está chegando ao fim é o retorno da menstruação, que varia de mulher para mulher. Para aquelas que não amamentam, a primeira ovulação geralmente ocorre entre a 6ª e a 8ª semana após o parto, enquanto para as que amamentam exclusivamente, esse período pode ser prolongado.
Além do retorno da menstruação, outros sinais indicam que o corpo está retomando suas funções normais, como a redução dos lóquios e a recuperação da tonicidade do útero e do assoalho pélvico. Também há uma melhora gradual na disposição física e no equilíbrio emocional da mulher, à medida que ela se adapta à nova rotina com o bebê.
Por fim, a compreensão desse processo e a busca por informação de qualidade são fundamentais para vivenciar essa fase do puerpério com mais segurança e tranquilidade.
Além disso, é importante ressaltar que, cada mulher tem seu próprio ritmo de recuperação, e é fundamental respeitar esse tempo sem cobranças excessivas. Pois, o bem-estar da mãe reflete diretamente na qualidade do cuidado com o pequeno, tornando o puerpério uma fase de transformação, amor e fortalecimento familiar.